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Cinéfilos Anónimos: maio 2006

Cinéfilos Anónimos

domingo, maio 28, 2006

Memoirs of a Geisha - Artigo Crítico


MEMOIRS OF A GEISHA

Ano: 2005
País: EUA
Realizador: Rob Marshall
Cast: Zhang Ziyi, Ken Watanabe, Michele Yeoh, Gong Li, Koji Yakusho, Youki Kudoh.
Site Oficial: http://www.sonypictures.com/movies/memoirsofageisha/



Baseado no romance internacionalmente aclamado de Arthur Golden, “Memórias de Uma Gueixa” narra a história de uma menina oriunda de uma pobre província japonesa, vendida pela família, entregue à sua própria responsabilidade, para trabalhar numa casa de gueixas. De escrava à mais bela e completa das gueixas, Sayuri (Zhang Ziyi) sobrevive agarrada ao seu sonho e seu amor de criança, conhecendo as dificuldades da inveja, do poder, da submissão, da cultura e da sua condição até que a II Guerra Mundial abala o Japão.

Antes ainda de se conhecerem as premissas do filme, o título promete excentricidade e diferença a todo o tipo de públicos – do curiosos ao sensível, do crítico ao consumista, do realista ao fantasioso – pelo que as reacções se multiplicam, embora se possam antever alguns resultados comuns.

Poderia dizer-se, parafraseando Andy Malafaia, crítico da imprensa estrangeira, que o filme “Memórias de uma gueixa” se parece com a “história da gata borralheira recontada”. Efectivamente, não é no conteúdo romântico que o filme potencializa a sua genialidade - deparamo-nos com uma história consistente e muitíssimo bem construída que se esvai em desilusão num final esperado por quase todos, talvez desejado por alguns, mas utópico e irreal aos olhos de todos.

Desta forma, as grandes armas do filme parecem consistir em aspectos técnicos e culturais, apesar de, também a este nível, a unanimidade avaliativa deixar a desejar, pois aquilo que parece ser uma agradável oportunidade de conhecimento da cultura oriental por parte dos ocidentais é polémico e ofensivo para os orientais, que lamentam escolha de actrizes chinesas para o elenco, denunciam a adulteração dos kimonos para figurarem mais atractivos e sexys e, por isso, mais vendáveis, condenando, igualmente, a adulteração de danças e músicas tradicionais japonesas.

Aos olhos de uma leiga, o filme exulta a beleza e costumes de um país – oferecendo indescritíveis momentos de exímia qualidade fotográfica – esgrima com audácia através de meandros culturais e sociais – colocando em questão os significados mais tácitos – e arrisca-se na intensidade das personagens e das relações.

Com efeito, no domínio sócio-cultural, “Memórias de uma gueixa” constitui uma oportunidade privilegiada de conhecimento através do contacto com os lugares, com os contextos, com o guarda-roupa, com os costumes, com os valores. Aliás, para quem “gueixa” é mecânica e automaticamente conotado com prostituição de luxo, o filme tem o poder de, pelo menos, questionar as nossas certezas e questionar o absoluto que teimamos proteger, nomeadamente destrinçando entre ambos os termos de forma clara - ser gueixa passa a ser encarado pacificamente como uma forma de arte que implica condicionalismos marcados que moldam a vida psicológica, emocional, física e humana. E falamos de um processo de modelagem que chega a roçar a materialização e comercialização do que é ser. Atrever-me-ia ia a dizer, correndo o risco de ser censurada por alguns dos valores que me regem enquanto pessoa, que ser gueixa é produto de relações de respeito.

Tratando-se de um tema que pouco apela à compreensão empática da realidade apresentada, a obra adquire o crédito de sensibilizar o público para esta vertente cultural através da exploração dos sentidos – o estimulo estético e visual, a sonoridade e musicalidade, os odores transmitidos, as texturas do espaço – e da vivência fortemente emocional que oferece. É através da evolução e desenvolvimento das personagens, admiravelmente construídos, que a dimensão temporal vai ganhando a força de nos apresentar mais do que aos contextos, aos sonhos e aos medos. É na viagem de permanentes idas e regressos entre meios e fim, entre passado e futuro, que reside a progressão e desvanecer do sonho, não pelo desencanto pelo fim desejado, mas pelo conhecimento e maldade dos meios. De pequena Chiyo à bela a madura Sayuri, o elixir da vida aparece como a persecução do amor do Chairman, do afecto perdido desde cedo, apenas possível pela entrada no mundo de ceda, harmonia e feminilidade das gueixas. Mas se a fachada é bela e promissora, o interior recheia-se de rivalidades, invejas, sentimentos menos nobres legitimados por acordos tácitos entre negociantes. Alcançado o sonho que nunca chegou a ser, o fogo e a guerra desertam a criança novamente para uma vida de trabalho e realidade, mantendo-se a utopia da felicidade. É já mulher, com rugas apagadas de cansaço, condenada ao kimono desejado, que aprende a aceitar a resignação de viver num corpo objectizado, segundo regras milenares e sangrando/supliciando o coração ao destino. Não deixando de veicular ideais de respeito e resignação, o brilhantismo da história parece sair prejudicado em favor do “amor à primeira vista sempre possível”.

Ainda no que respeita à evolução temporal, mais direccionada para as questões sociais, é curioso presenciar os efeitos da guerra e do processo de americanização, tanto no que concerne à vivência popular japonesa, como também no que diz respeito à deterioração de conceitos e costumes.

Mais uma vez roubando palavras, desta feita à protagonista, resume-se à “história de uma mulher forte como a água, que mesmo na rocha cravou o seu caminho…”.



sexta-feira, maio 26, 2006

Estreias 25/05

X-Men: O confronto Final
“Take a Stand”

Título original: X-Men 3 – The Last Stand
Género: Acção / Ficção Científica
Realização: Brett Ratner
Elenco: Hugh Jackman; Ian McKellen; Patrick Stewart; Halle Berry; Famke Janssen; Kelsey Grammer; Anna Paquin; James Marsden
Site official: http://www.x3movie.com/ Duração: 104 min.

Sinopse do IMDB: “When a cure is found to treat mutations, lines are drawn amongst the X-Men, led by Professor Charles Xavier (Stewart), and the Brotherhood, a band of powerful mutants organized under Xavier's former ally, Magneto (McKellen).” ler mais



Modigliani
Título original: Modigliani
Género: Drama
Realização: Mick Davis
Elenco: Andy Garcia; Elsa Zylberstein; Omid Djalili; Hippolyte Girardot
Duração: 128 min.
Sinopse do IMDB:The story of Amedeo Modigliani's bitter rivalry with Pablo Picasso, and his tragic romance with Jeanne Hebuterne.” Ler mais



Natureza Morta

Título Original: Natureza Morta
Género: Documentário
Realização: Susana de Sousa Dias

Outras informações não disponíveis



A Pista

Título Original: La Piste
Género: Drama / Aventura
Realização: Eric Valli
Elenco: Julian Sands; Eriq Ebouaney; Camille Summers
Site oficial: www.lapiste-lefilm.com
Duração: 90 min.



O Tempo que resta

Título Original: Le Temps qui reste
Género: Drama
Realização: François Ozon
Elenco: Melvil Poupaud; Jeanne Moreau; Valeria Bruni Tedeschi
Site oficial: www.francois-ozon.com
Duração: 85 min.

Sinopse do IMDB: “A successful fashion photographer (Poupaud) is a gay man with terminal cancer. Slowly coming to terms with his situation he is cruel to his lover, has refused chemotherapy, nasty to his pregnant sister and uncommunicative to his loving and supportive parents.”
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Indian: O Grande Desafio

Título Original: The World’s Fastest Indian
Género: Aventura / Drama
Realização: Roger Donaldson
Elenco: Anthony Hopkins; Aaron Murphy; Annie White; Chris Williams
Duração: 127 min.

Sinopse do IMDB: “The life story of New Zealander Burt Munro, who spent years building a 1920 Indian motorcycle -- a bike which helped him set the land-speed world record at Utah's Bonneville Salt Flats in 1967”
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terça-feira, maio 23, 2006

Quem és tu? - Breve Reflexão Crítica

QUEM ÉS TU?

Ano: 2001
País: Portugal
Género: Drama
Realizador: João Botelho
Cast: Rogério Samora, Suzanna de Vilhena, José Pinto, Patrícia Guerreiro, Rui Morrison


“Quem és tu?” é uma obra cinematográfica que data do ano de 2001, com a realização a cargo do português João Botelho, constituindo, com efeito, uma das melhores experiências e incursões do cinema português dos últimos tempos—ostentando, inclusive, um empolgante percurso europeu, mas carecendo, necessariamente, do reconhecimento nacional. Aliás, nem o facto de se tratar de uma adaptação ao cinema de uma das obras mais importantes no panorama literário Português—"Frei Luís de Sousa", de Almeida Garrett—, afastou a longa-metragem do esquecimento e negligência do seu próprio país de origem, que mantém como divisa a ingratidão aos seus próprios criadores, restando o objectivo cumprido de superar o contraste Teatro/Cinema com harmoniosa e inovadora mestria.
Com efeito, a película narra, ao longo de 112 minutos, as contingências sociais e humanas de vivências familiares inseridas num período específico e peculiar da nossa história — apresenta um retrato do período após a Batalha de Alcácer-Quibir, figurando a angústia de uma família sobre a qual se abate a fatalidade da destruição e repressão sociais, cuja fundação é condenada, à partida, pela ameaça da consumação e receio do adultério. Assim, da mesma forma que o texto dramático de base “Frei Luís de Sousa” apresentou, no seu tempo, uma perspectiva progressista, desafiando e questionando os cânones e convenções da época, também “Quem és tu?” é bem sucedido na tentativa de celebrar a vida de Almeida Garrett, apresentando um verdadeiro hino ao brilhantismo do dramaturgo e expondo a obra com denotado esforço de se manter fiel ao texto base.
Aliás, esse paralelismo com a obra dramática não se reduz ao plano linguístico e histórico, mas abrange, igualmente, o campo visual, no reconhecido empenho de retratar de forma fidedigna e verosímil os espaços do Palácio de D. Manuel—mobília do séc. XVII, ricamente decorado -, denotador da felicidade e estabilidade aparentes; Palácio de D. João de Portugal, melancólico, pesado, austero, acusando o peso da fatalidade; e a parte baixa do palácio, desprovido de ornamentos, indiciando o despojamento dos bens mundanos, com a presença da cruz, grave e circunspecta, conotadora de morte e esperança. Como um dos elementos unanimemente reconhecidos como muito bem conseguidos, - consenso este que eu partilho e reitero—conta-se a fotografia de Elso Roque, que ilustra de forma grave, profunda e absorvente toda uma sucessão gradativa do agravamento dos sentimentos de culpa, angústia, tristeza, ansiedade, num ambiente de tensão e complexidade, inerentes à estrutura trágica encerrada na obra original, fielmente reproduzida neste filme— sendo de frisar as evidentes referências à pintura de grandes mestres como El Greco, Caravaggio e Francis Bacon, já que somos presenteados, não raras vezes ao longo do filme, com fotogramas dignos de figurar no portfolio artístico dos pintores referidos. Porém, a meu ver, apesar de constituir uma abordagem peculiar e característica, que em muito enriquece a experiência cinematográfica do espectador— que faz, por vezes, relembrar “A Rapariga do Brinco de Pérola”, de Peter Webber, cuja fotografia estava também ao cargo de um português de expressão Brasileira, Eduardo Serra -, o intuito constante de fazer prevalecer a abrangência do espaço, integrando a personagem no seu contexto, para nunca se afastar deste padrão—apresentando aqui, também, um certo paralelismo com o teatro, pela ausência planos intimistas, dando a liberdade ao espectador de percorrer e usufruir do cenário de uma forma extensiva— resulta, muitas vezes, numa precária exploração das interpretações dos actores e da intensidade dramática das personagens; e em frequentes momentos de excessiva passividade e apatia, para as quais contribui, igualmente, a ausência de faixas sonoras de base.
Não obstante de ser, porém, tecnicamente interessante, no que concerne à performance do elenco escolhido para interpretar as carismáticas mas torturadas personagens, reside, a meu ver, uma das maiores falhas do filme—embora encerre grandes nomes do panorama nacional, como Rogério Samora (enquanto Frei Jorge), Suzana de Vilhena (D. Madalena) ou José Pinto (enquanto Telmo Pais), creio terem apresentado, na sua generalidade, performances que muito devem à verosimilhança da peça. Assim, se há espaço para agradáveis surpresas—como a jovem actriz Patrícia Guerreiro, enquanto Maria—, também o há para algumas desilusões—nomeadamente a interpretação de D. Manuel, pelo consagrado actor Rui Morrison, pautada pela monotonia e ausência de emoção e, em certa medida, incoerência e discrepância.
Trata-se, assim e em conclusão, de uma obra que em muito enriquece o panorama cinematográfico português—que, carecendo, ainda, de uma certa versatilidade e ambição, é presenteado com obras como “Quem és tu?”, que se pauta pela inovação e pelo espírito de descoberta, sendo esta uma obra que merece a pena a (re)visita.

O Regresso - Vol. I... e Lista de Lançamentos de DVD - Maio/Junho

Depois de uma longa – talvez demasiado duradoura e “indesculpável” - ausência, decidi retornar às actualizações deste blogue, munida de milhões de pedidos de perdão pela inércia que tem reinado por estes lados. De facto, nem sempre o decorrer dos acontecimentos nos conferem a hipótese de nos dedicarmos às actividades que mais gostamos, nem os correntes estados físico e mental nos permitem descobrir réstias de motivação onde só reina cansaço…
Não posso, com efeito, prometer que daqui em diante mudará e que a actualização deste blogue se irá pautar pela constância… posso, sim, disponibilizar-vos uma lista dos lançamentos DVD deste restinho de mês de Maio, e início de Junho – que é passível de alteração posterior, mudanças essas que, caso se tornem realidade, procurarei corrigir e atentar.

Com efeito, e sem mais delongas, aqui fica:

25 Maio
> 11 Commandements, Les /Os 11 Mandamentos (Prisvídeo)
> Broken Flowers / Flores Partidas (Prisvídeo)
> The Brown Bunny (LNK)
> Kiss Kiss, Bang Bang (Warner)
>Na Roça com os Tachos (LNK)
>North and South (Vol. 2) /Norte e Sul (Warner)
>La Piovra/ O Polvo (Série 4) (3 DVD) (Prisvídeo)

26 Maio
>O Crime do Padre Amaro (Lusomundo)
>In My Father's Den / Um Refúgio no Passado (Lusomundo)
>Supercross (Lusomundo)

31 Maio
>Jarhead / Máquina Zero (Universal)
>Elvis - Os Primeiros Anos (Universal)
>Street Fighter Zero / Street Fighter Alpha (Universal)

8 Junho
>Kansas City / Viver em Kansas City (Prisvídeo)

9 Junho
>Brokeback Mountain / O Segredo de Brokeback Mountain (LNK)
> Saw II - A Experiência do Medo (LNK)
>Silver City / Em Campanha (LNK)

22 Junho
>The End of Violence / Crimes Invisíveis (Prisvídeo)
>The Man / Agente Acidental (Prisvídeo)
>Thumbsucker Chupa no Dedo (Prisvídeo)

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Ps. Num esforço de manter a justeza e como forma de fazer um pouco de pub a um blogue amigo - partindo do princípio que permanece ainda, alguém, a "ler" este espaço -, há que conferir o motivo deste renovado esforço para manter este blog a respirar à criação deste "sítio". Não é que tenha alguma ligação com a temática do Cinema, mas é uma boa fonte de gargalhadas, que merece a pena visitar!