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Cinéfilos Anónimos: Ensaio sobre a Cegueira

Cinéfilos Anónimos

domingo, janeiro 25, 2009

Ensaio sobre a Cegueira


Realizado por Fernando Meirelles, “Ensaio sobre a Cegueira” (2008) é uma fiel adaptação da homónima obra do Nobel português da literatura José Saramago.


O espectador é confrontado com a enigmática e inquietante questão “e se um dia todos os homens cegassem” e convidado a assistir às cruas consequências da acção da simples natureza humana. Com efeito, trata-se de uma história assertiva (porque violenta), fantasiosa (porque excessivamente realista) e humana (porque monstruosa).


A aparente distância que separa os acontecimentos narrados da realidade expectável (é indubitavelmente mais confortável negar tal acontecimento, do que assimilar tão perturbante insight), fundamenta as duras críticas de que o filme foi alvo por parte da imprensa americana. O extremo ao qual o tema é explorado (chegando-se mesmo ao ponto de nos desejarmos mais identificados com o humanismo de um cão, comparativamente ao que assistimos como natureza da humanidade), faz despertar mecanismos de defesa e crer que a negação é, talvez, a única forma eficaz de lidar com a sujidade que povoa (ou pode povoar) a sociedade. Recorrendo-se a uma imagem forte da película, que parece encerrar em si o significado que se pretende aqui veicular, o facto da única personagem que nunca perdera a visão maldizer esta “benção” ou até quase desejar cegar, tal o sofrimento vivenciado pela imperatividade de assistir em primeiro plano a esta epidemia social.


Esta metafórica cegueira – podendo ser entendida como egoísmo ou ambição –, tem, ainda e talvez paradoxalmente, o poder de exaltar a pureza de sentimentos como o amor (assuma este a pele que desejarmos: passional, fraterno, parental, amistoso, …) ou de justificar a agressividade da vingança.


Não podendo (por total desconhecimento ou falta de sensibilidade) versar acerca de questões de carácter técnico, parece ser possível comentar em que medida algumas opções, neste âmbito, contribuem para a vivência sensitiva e emocional do espectador. A falta de visibilidade, a predominância de cores claras e a volatilidade dos limites físicos dos espaços e dos objectos, por exemplo, transmitem instabilidade e insegurança e, desta forma, uma maior proximidade com a vivência idiossincrática (embora interpretável) de cada personagem.


No que concerne à experiência pessoal de espectadora, talvez em nenhum outro filme tenha sentido a inquietação e/ou revolta que pude experimentar. Contrariamente à minha vontade, assisti ao filme antes de ter a oportunidade de ler a obra. Esta “ingenuidade” e atitude de entrega/abertura à experiência pode ter contribuído para o envolvimento ao qual me refiro em termos emocionais e avolumado o receio de não vir a aproveitar tudo o que a leitura (por vezes) acrescenta. Surpreendentemente, ler o “Ensaio sobre a Cegueira” após ter visionado a película elevou a experiência a um expoente indescritível –, para além de ter tomado consciência que a visão do autor foi integralmente respeitada pelo realizador, senti-me a rever uma dos melhores filmes da minha vida, podendo usufruir de comentários magnânimes (porque sábios, audazes, irónicos e vividos) de José Saramago!


10 Comments:

  • Obrigado por terem voltado. Senti saudades VOSSAS. A sinceridade com que abordam as análises que fazem fazem de VÒS o meu barómetro cinematográfico. Voltarei!!!!!!!

    By Blogger JR, at 10:26 da tarde  

  • O fazem é ao quadrado. A emoção da leitura toldou-me a preocupação de escrever de forma coincidente com as VOSSAS análises. Mais uma vez obrigado.

    By Blogger JR, at 10:29 da tarde  

  • Oi! Não vi o filme (ainda!) mas li esse fantástico livro. Há uma coisa que sempre fica a pairar na minha cabeça e que aproveito para saber a opinião do team do blogue:

    O que significa para vocês a figura da mulher que nunca perdeu a capacidade de ver? qual o significado social da personagem?

    By Anonymous Anónimo, at 3:08 da tarde  

  • Bem-vindas, novamente!

    Também não vi o filme, mas o livro é um dos meus favoritos ... e assusta olhar para o espelho de JS porque nunca antes o reflexo do meu espelho me tinha revelado tais profundezas do ser.

    By Blogger esse, at 4:14 da tarde  

  • JR - mais uma vez, obrigada pelo comentário e pelo apoio! espero que continues a visitar e a contribuir para nos "barometrizarmos" mutuamente!

    Mônica - Obrigada pelo comentário. As suas/tuas questões levaram-nos a criar um post destinado a respondê-las/reflectir acerca delas. Gostaríamos de saber se fazem sentido para si/ti.

    ESSE - Só tu para pores em poesia os pensamentos mais profundos e complexos! É mesmo isso... Obrigada! Volta sempre!

    By Blogger Unknown, at 7:09 da tarde  

  • Sinceramente não gostei do filme... Achei que é muito irreal... juro que percebo os américas... se nunca vai acontecer porque é que hei-de matar a minha cabeça com um problema improvável?!?

    By Anonymous Anónimo, at 5:48 da tarde  

  • Agradeço e retribuo os votos de um bom ano (estamos sempre a tempo, mesmo já sendo Fevereiro... ) e afirmar a satisfação pelo "regresso à actividade" deste blog sobre cinema.

    Visionei o "Ensaio sobre a Cegueira" quase logo após a sua estreia e de um modo geral o filme agradou-me, sobretudo pelo "respeito" ao produto literário, que o realizador decidiu ter. E, convenhamos, é uma atitude corajosa pois não são muitos os filmes que partindo desta permissa, conseguem resultados mais ou menos positivos.
    No entanto, e não fazendo coro com alguma imprensa norte-americana cujo fundamento crítico não colhe, o filme tem alguns momentos de menos fulgor no que respeita à direcção de actores, que peca pelo exagero de alguma representação "menos cinematográfica".
    Por último, digamos que tive a pouca sorte de ter lido primeiro o livro. E sendo o "O Ensaio... " uma das melhores obras de Saramago, qualquer realizador deste mundo, partiria sempre em desvantagem para a transposição em filme deste livro. Não sendo um adepto confesso das versões literárias para o cinema, porque prefiro a escrita guionista, que essa sim, é aquela que é produzida à medida da sétima arte e me pode surpreender, o filme deixou de ter essa componente (importante em qualquer obra de arte). Foi a mera curiosidade de ir ver "o tratamento" que seria dado à obra do nosso Nobel que me levou à sala de cinema.

    By Blogger Alberto Oliveira, at 1:16 da manhã  

  • Olá, Anónimo!

    Não concordo com a sua/tua opinião, mas aceito-a, claro!
    Não posso, no entanto, deixar de manifestar alguma perplexidade pelo facto de ser ossível ficar indiferente à força da alegoria aqui presente!

    Obrigada pela participação!

    Olá, Legível!

    Obrigada pelo comentário.

    Quando fui ver o filme, aconselhei-o a todos com quem me ia cruzando no dia-a-dia. E, como quem semeia ventos, eu também colhi algumas tempestades... Foram, principalmente, os que leram a obra primeiro quem mais queixas apresentou referindo, também, que o realizador já partia em desvantagem.

    A minha experiência foi esta - primeiro filme e depois o livro - e funcionou bem.

    Recordo que, na altura, comentei que só não tinha apreciado o desempenho da personagem do Médico. É a esta performance que se/te refere(s) a propósito das representações "menos cinematográficas"? Não sei se fui condicionada mas, para mim, à excepção do Médico, as restantes personagens encaixam na perfeição na descrição de Saramago.

    De qualquer forma, mais uma vez, obrigada e volta sempre!

    By Blogger Unknown, at 5:34 da tarde  

  • Olá!

    De facto o "Médico" é uma delas porque personagem não secundária. Mas outras (e já vi o filme há uns meses largos e agora resta-me sobretudo a memória global de apreciação) não apresentaram uma unidade representativa que desfavorece a obra. Mas isto é algo de somenos importância, face à força da dita.

    By Blogger Alberto Oliveira, at 11:18 da manhã  

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    By Anonymous Anónimo, at 11:30 da tarde  

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